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A vadia que habita em mim saúda a vadia que habita em você!

A vadia que habita em mim saúda a vadia que habita em você!

Luna (CRS 59297)

Tenho um estilo de me vestir que é mezzo sensuelen. Não sou muito de estampas nem cores vibrantes, mas curto roupas midi que marcam o corpo, uma kardashian tupiniquim, sem aquele corpo desenhadinho, obviamente, embora de raba eu entenda (mas isso é outra história. Ou não…).

O caso é que uns 2 anos atrás, fui almoçar com uma amiga num restaurante da moda aqui de São Paulo. Quando cheguei, ela já estava lá. Eu vestia uma saia midi envelope e uma camiseta. As duas peças eram mais ajustadas ao corpo, embora sem decote nem nada explícito. O lance era o shape da roupa mesmo.
Na entrada do restaurante (vazio), fui interpelada pela gerente, que me perguntou de um jeito meio ríspido “o que você deseja?” Ué. O que eu poderia querer num restaurante? Surpresa, respondi, “almoçar com minha amiga”. Entrei ainda confusa e, minha amiga, que tinha visto tudo de longe e entendido de cara, me disse: “gata, acho que rolou uma putafobia ali”. É, rolou.

Possivelmente, a gerenta me achou “vulgar” pela roupa que vestia e resolveu me abordar de maneira a expressar seu incômodo, quase insinuando que lá não era o meu lugar.

Há uma expressão em inglês pra esse tipo de coisa: “slut-shaming”, usada para identificar discriminações sobre mulheres ou meninas a partir de estigmas sexuais, por exemplo, quando parecemos violar códigos de vestimenta por nos vestirmos de forma percebida como sexualmente provocativa.  Slut, como muitos sabem, significa “vadia”.

O site “Mundo dos Psicólogos” publicou um artigo bem didático sobre o termo que diz o seguinte:
“O nome pode parecer um pouco estranho, mas a prática é bastante comum. O slut-shaming é um fenômeno no qual mulheres são classificadas de maneiras pejorativas quando se comportam fora de um modelo considerado aceitável pela sociedade tradicional. A ridicularização se aplica à forma de vestir, de se comportar, ao aspecto físico e ainda às manifestações sexuais.A crítica constante, aliás, pode acabar se convertendo em abuso moral, o que afeta o bem-estar emocional, a autoestima e a liberdade de expressão da mulher.” (Slut-Shaming: você pode ser uma vítima sem saber https://br.mundopsicologos.com/artigos/slut-shaming-voce-pode-ser-uma-vitima-sem-saber).
Ao praticar slut-shaming, o que se está fazendo é um julgamento sexual sobre as mulheres baseado em seu comportamento e/ou aparência.
E isso da roupa é só a ponta do iceberg e pode acontecer até mesmo no meio liberal. O slut-shaming se manifesta na maneira como as pessoas querem controlar e ditar regras sobre o comportamento sexual de uma mulher (dificilmente um homem hetero vai sofrer esse tipo de discriminação e violência), definindo o que é adequado ou não, por exemplo.

E isso me choca um bocado.

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