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HIV: você já ouviu falar de Prevenção Combinada? E PREP e PEP?

Sobre HIV: você já ouviu falar de Prevencão Combinada? E PrEP e PEP?

Luna (CRS 59297)

Vamos lá, as siglas não estão muito popularizadas ainda. Mas, pra quem tem vida sexual ativa e com múltiplos parceiros saber mais sobre essa sopa de letrinhas é fundamental.

Todas as vezes que falamos de prevenção de HIV, a primeira coisa e talvez a única que nos vem à cabeça é o uso de camisinha. Nesses 40 anos de epidemia de AIDS, o enfoque sempre foi no uso de preservativo, certo? Mas ultimamente tem-se falado também de prevenção combinada, que oferece às pessoas diferentes ferramentas para se prevenir da infecção por HIV.

Ah, é bom sempre lembrar que HIV e AIDS são coisas diferentes, certo? HIV é a sigla para vírus de imunodeficiência humana, o qual, se não for tratado corretamente, pode evoluir para causar a AIDS, que é a Síndrome de Imunodeficiência Humana, na qual as proteções do corpo ficam enfraquecidas ao ponto de permitir que doenças oportunistas se manifestem e podem levar ao óbito.

Hoje em dia, com o uso dos medicamentos antirretrovirais, distribuídos gratuitamente no SUS, o HIV torna-se indetectável no corpo humano e, com isso, passa a ser intransmissível para outras pessoas. Isto não apenas evita que a AIDS se manifeste, como garante uma vida sexual livre do temor de infectar outras pessoas.

Mas, vamos voltar para o tema da prevenção combinada. Afinal, com o todo o tratamento disponível, o melhor é não se infectar, não é mesmo?

Ainda que idealmente a camisinha deva ser default nas interações sexuais, a gente sabe que, na vida real, a coisa muda.

Muitos fatores influenciam na suspensão do uso do preservativo, financeiros, inclusive. Além do cansaço mesmo. As pessoas simplesmente ficam de saco cheio de usar camisinha por acreditar que compromete o prazer.

E temos que nos despojar de falsos moralismos e julgamentos na hora de olhar e reconhecer essa realidade. Porque acontece. Nosso papel, por exemplo, como pessoas transantes, que curtem práticas sexuais múltiplas, coletivas e constantes, é nos informar e eventualmente aconselhar, acolher e orientar.

Mas vocês devem estar se perguntando como poderíamos nos prevenir contra o HIV, além do uso da camisinha?

Aí que entra a prevenção combinada: obviamente, há o uso da camisinha externa (para pessoas com pênis) e interna (para pessoas com vagina) e gel lubrificante, além de testagem sempre que sentir necessidade. Aderir ao tratamento do HIV, no caso de infecção, o mais rápido possível, é sempre melhor também, claro. Por isso é fundamental realizar as testagens, gratuitas pelo SUS, e fazer o tratamento caso o exame dê positivo. O mesmo vale para outras IST (Infeções Sexualmente Transmissíveis).

Outras alternativas de prevenção combinada são a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), indicada e utilizada antes da interação sexual, e a PEP (Profilaxia Pós-Exposição), utilizada após uma exposição sexual.

Em artigo sobre o tema, Pedro Campana, infectologista formado pelo Instituto Emilio Ribas, explica que a PrEP é uma “prevenção da infecção pelo HIV através da tomada de um comprimido diário que contém duas medicações: tenofovir e entricitabina. A primeira faz parte do esquema de tratamento de pessoas vivendo com HIV. Já a entricitabina, embora não utilizada no tratamento do HIV, também é uma medicação com ação contra o vírus.”

Mas não se enganem. O uso de PrEP diz respeito à prevenção do HIV, mas não previne outras infecções que podem ser transmitidas pelo contato sexual, como hepatites, sífilis, gonorreia, clamídia e HPV. E, olha, além de causar enfermidades neurológicas, sífilis também pode matar.

Já a PEP está indicada para prevenir a infecção pelo vírus após exposição sexual. É utitlizada, inclusive, quando a pessoa viveu alguma situação de violência sexual ou mesmo quando há alguma interrocência com a camisinha.

Pedro Campana explica que “a profilaxia pós-exposição consiste na tomada de três medicações – tenofovir, lamivudina e dolutegravir – durante 30 dias para prevenir a infecção pelo HIV.” A PEP deve ser tomada preferencialmente nas primeiras duas horas após a exposição de risco e no máximo em até 72 horas.

Obviamente, nada disso pode ser feito sem conversar com seu profissional de saúde ou com médico de confiança, urologista, clínico ou ginecologista. As PrEP e PEP são distribuídas pelo SUS e há protocolos a serem seguidos para acessar ambas tecnologias. Estudos demonstram que não possuem efeitos colaterais expressivos, mas, como todo medicamento, demandam um acompanhamento.

Sabemos também que tudo isso deve ser observado com responsabilidade, cautela e intensa busca de informação, mas sem dúvida podemos afirmar que cada vez mais caminhamos para um mundo onde o HIV esteja controlado e sem comprometer a saúde e vivências sexuais de cada um de nós. E, por isto, é importante, também, combatermos o estigma e a discriminação que ainda envolve o tema de HIV e AIDS.

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